Tenho frio. Pior, estou farta de ter frio. Não recordo um Inverno tão rigoroso, tão difícil de suportar sem várias camadas de tecido sintético que a pele tão pouco aprecia. Este ano está a ser especialmente complicado. As luvas andam sempre nas mãos ou nos bolsos, normalmente em ambos. As botas, por mais quentes que sejam, não impedem os pés de semi-congelar. E as camisolas, por muitas que se empilhem umas sobre as outras, parecem ansiar por um casaco que lhes dê melhor suporte. Chego a casa e a situação não melhora. Há quem esteja pior, com água escorrendo pelas paredes, mas mesmo assim não consigo ficar feliz com os vendavais que se geram entre as frestas das janelas e o fundo das portas e a ligeira humidade que por vezes se sente no ar. Sabe sempre bem estar esticada no sofá com uma manta por cima, mas incomoda quando isso passa a ser uma necessidade diária. O vento lá fora é tal que a brisa cá dentro provoca otites. E ao fim de semana lá saímos de casa, procurando um poiso mais quente.
Estou a exagerar um pouco. Aqui onde estou a situação é bastante pior. Entre a infiltração de água do andar de cima e as vidraças que não isolam o pouco calor que o sol vai deitando cá para dentro, o frio é tal que só não visto o casaco porque preciso de alguma mobilidade para conseguir escrever. A vontade é trazer o sofá, a manta e as pantufas. E já agora o aquecedor e uma chávena de chocolate quente. Quase gostaria de ficar doente para ficar quentinha na cama. Mas como preferia conseguir aproveitar esse privilégio, logo mudo de ideias.
Definitivamente... o Inverno faz mal à saúde. Já vinha a Primavera!
2 de fevereiro de 2009
Ai Inverno, Inverno...
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